sexta-feira, 24 de outubro de 2014

"Eu gosto de gente espontânea


"Eu gosto de gente espontânea, gente que não se prende em cagar regrinha à toa, gosto de gente feliz, contente. Gente que sai por ai semeando o que é gostoso de se ver. Gosto de beijos demorados, gosto de toda aquela cafonice de ficar deitado numa cama falando sobre banalidade, dando opinião que nem sequer faz sentido, gosto de quem se joga no mundo comigo, gosto de conhecer o que é novo, ouvir o que é diferente, gosto de gente que me apresenta o que nunca fez sentido antes, gosto das barbas, das saboneteiras, gosto das sardas, da luz que entra por aquela janela, gosto da cor da boca, gosto do sexo ”madrugal”, gosto da cegueira do amor, gosto do mistério, da poesia sem cabimento, da poesia sem hora, gosto de tornar enorme o que é detalhe, gosto das covinhas, gosto do sorriso batido amarelado, gosto do nervoso, da contradição, da hipocrisia, do que nos torna humanos, o que nos torna reais. Gosto do gosto musical cafona, gosto da risada imbecil, do carinho em tom sexual, gosto do que é calmo e do que é selvagem, gosto do louco, do normal, do clichê, do bizarro. Gosto de me reconhecer em outros olhos, gosto do rosto torto, das dormidas no colo, gosto do sexo surpresa, da malícia subentendida, gosto da segurança, gosto das marcas de expressão, da sobrancelha mal feita, dos defeitos incorrigíveis, gosto de me doar, gosto de entrar de cabeça, gosto do que me faz desencantar, encantar, desencantar, encantar. Gosto dos trejeitos, das piscadinhas, da melancolia, do prazer em brasa. Eu gosto de muita coisa e tudo isso me faz ser o que eu sou."

— Nattan Duran.

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