terça-feira, 20 de novembro de 2012

Net fica triste quando você cai em si e percebe que nunca chegará a conhecer aquela pessoa que se tornou especial, marcando presença na sua telinha quase todos os dias.


Net fica triste quando você cai em si e percebe que nunca chegará a conhecer aquela pessoa que se tornou especial, marcando presença na sua telinha quase todos os dias.
A Net fica triste quando, por mais que você escreva, você não pode apertar uma mão, enxugar uma lágrima.

A Net fica triste quando as pessoas somem da sua telinha sem explicação. Você sabe que elas estão por aí porque as linhas se cruzam, mas não sabe porque o amigo, a amiga de ontem deixaram de apreciar sua presença virtual... e bem sabemos que cobrar não é de bom tom.

A Net fica triste quando não podemos ver nos olhos das pessoas queridas o brilho que somente o face a face permitiriam conhecer.

A Net fica triste quando você ouve alguém dizer: Ah...mas isto é virtual, não dá para levar a sério! Quer dizer então que a troca de sentimentos, as confidências, os desabafos não valem nada? Não são para serem levados a sério?

A Net fica triste quando impera a lei do descompromisso, da neutralidade, do não misturar as estações, como se tivéssemos duas caras: uma voltada para o lado de fora, que é onde devemos fincar os pés, outra voltada para o lado de dentro da tela, vivenciada como a segunda opção de importância questionável e relativa.

Bem, a Net é assim e continuará sendo assim. É da natureza dela ser imensa, gigantesca, oceânica, excessiva. Nela nos diluímos como gotinhas perdidas em mar encapelado.

Jamais poderemos saber qual a onda mais forte que levará para longe de nós as gotinhas de amigos, amigas, amores, afetos que gostaríamos de manter sempre juntinhos de nós... mesmo sem nunca tê-los visto, mesmo sem nunca tê-los abraçado, mesmo sem nunca ter enxugado suas lágrimas, apertado suas mãos ou visto o brilho de seus olhos.

E, no entanto, há milhares de pessoas para quem a Net não é a segunda opção, mas a única opção de alegria, aprendizagem, expressão, troca de afetos, porque suas realidades são por demais tristes e desbotadas.

Não queira ter aqui um milhão de amigos! Não pratique a lei do descomprometimento virtual. Tenha aqui poucos afetos, mas que sejam cultivados e tornem-se gotinhas que caminharão juntas e inseparáveis, mesmo em face à dimensão oceânica deste que ainda é um milagre chamado Net.

Fátima Irene Pinto

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