domingo, 22 de abril de 2012

Boa sorte, menina. Espero que tudo se ajeite e que vires uma dessas exceções que finalizam a vida sabendo o que é ser feliz


Você sabe, menina. No fundo você sabe que é só mais uma garota de coração quebrado e uma não-história de amor para contar. É só mais um desses descasos do destino que ninguém se incomoda. Mas, com o tempo toda esta história de corações partidos se tornam repetitivas e desconexas, aquela teoria de que o coração bate por uma só pessoa passa a ser refutável, já que ele continua a bater, não por aquela mesma, mas bate.
Bate porque é preciso, porque enquanto bate, ainda que falho e maltratado, o mundo continua em rotação, os problemas continuam sem solução, e os dias vão colocando os meses para traz. No final, cada um empacota a dor e aprende a carregá-la - não que esta se torna mais leve, não mesmo- é só que os ombros acostumam-se com o peso.
Todos sabem ir levando com as dores, mesmo que algumas passem com analgésicos e outras com tempo, sempre passam. E o coração bate. No fundo, bate na esperança de que encontre alguém que o faça bater mais rápido, alguém que enfim se comprometa, alguém que seja diferente de tantos outros que se esbarraram, a derrubaram e não a ajudaram levantar. Bate, sobretudo porque é forte e apesar de ver uma enorme tristeza na solidão, prefere ser só do que dividir-se com alguém que não se importa de verdade.
Enquanto os outros estão caçando paixão, participando de conversas fúteis e afogando sentimentos em álcool, você está ai, imersa em livros e chá, esperando alguém igualmente intenso e que não se contente com o comum, com o médio, com o pouco.
Está ai, zelando pelo coração que bate mesmo ferido e maltrapilho. Boa sorte, menina. Espero que tudo se ajeite e que vires uma dessas exceções que finalizam a vida sabendo o que é ser feliz.”
(Juliana Caduri)

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