sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Andei abrindo janelas em aquário de serpentes...


Andei desconstruindo celas
abrindo portas onde não tinha parede
destecendo redes de entranhas
desmembrando peles de intrigas
descascando as dores das feridas

Andei ralando a alma em precipícios
que desde o início seduziam-me ao salto
auto-mato, morre a fome de um grito
seco e cego; não atino o volume certo

Andei atirando a esmo, atingindo galhos
grasnando em escolhas recolhidas pelo espaço
passando fome, comendo o pão que o diabo vomitou
não me rendi, não me entreguei, não me dosei

nunca mais me dosarei a quem não dosar de si
não em troca mas em troco; lucro farto e perto

Andei abrindo janelas em aquário de serpentes...


Lena Ferreira

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