quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O que ela quer é falar de amor.

O que ela quer é falar de amor. Fazer cafuné, comprar presente,

reservar hotel pra viagem, olhar estrela sem ter o que dizer.

Quer tomar vinho e olhar nos olhos.

Ela quer poder soprar o que mora dentro, o que não cabe,

que voa inocente e suicida.

Ela quer o que não tem nome.

Quer rir sem saber de quê, passar horas sem notar,

quer o silêncio e a falação.

Ela quer bobagem.

Quer o que não serve pra nada.

Quer o desejo, que é menos comportado que a vontade.

Ela quer o imprevisto, a surpresa, o coração disparado,

o medo de ser bom.

Quer música, barulho de e-mail na caixa, telefone tocando.

Ela tem muito e quer mais.

Quer sempre.

Quer se cobrir de eternidade, quer o oxigênio do risco pra

ficar sempre menina.

Ela quer tremer as pernas, beijo no ponto de ônibus e a

milésima primeira vez.

Quer cor e som, lembrança de ontem, sorriso no canto da boca.

Ela quer dar bandeira.

Quer a alegria besta de quem não tem juízo.

O que ela quer é tão simples.

Só que ela não é desse mundo.

Cris Guerra

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