sábado, 6 de agosto de 2011

Naquele dia Era como todo dia Mais um dia...Não para Maria!



Naquele dia
Era como todo dia
Mais um dia...

Não para Maria!
Que como a maioria das Marias
Mais uma vez paria

E como todas as fêmeas
Maria amava sua cria
Mais do que devia
(como se houvesse limites
Para o amor de mãe...)

Mas Maria
Não tinha casa
Não tinha trabalho
Não tinha comida
Não tinha família
Não tinha marido...

Maria não tinha nada
Maria só tinha sua cria

E era por ela que chorava
Por ela que sonhava
Por ela que vivia

E por amar demais
Quis ludibriar o destino
Do ser que trazia em seu ventre
_ “Vou te dar mais do que eu tive!”

Pariu sozinha no chão do barraco.
Com as mãos ainda sujas de sangue
Envolveu o garoto em trapos
Abençoou-o e se despediu de sua vida

Chovia lagrimas pela rua a fora
Enquanto Maria procurava onde deixar sua cria

Viu uma casa grande,
Silenciosa,
Onde um casal descansava na varanda...
Maria se aproximou
E deixou ali sua vida

Naquele dia
Naquela hora
Maria morreu

Voltou só um corpo vazio...
A alma e o sonho
Hoje brincam na grande varanda
Que escondida Maria espia


Victtoria Rossini

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