domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo, e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros.



É tão estranho carregar uma vida inteira no corpo, com um sorriso de orelha a orelha, vivendo bem, vestindo roupa de marca, frequentando lugares badalados, e ninguém, ninguém mesmo suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros. Será que essa história de que 'vai passar' é realmente verdade? porque eu confesso, venho escutando isso de todos os amigos e familiares a muito tempo e tudo o que vejo são dias e mais dias correndo diante dos meus olhos, e nada, absolutamente nada de positivo acontece. Não há nada pior do que se sentir sozinha no meio de várias pessoas. E se for para ter esses amigos que estam ao meu lado por algum tipo de interesse, se for para tá entregando a minha confiança ou chorando no ombro de alguém por pura pena ou para ser chamada de coitadinha, é melhor que seja assim. O que eles iriam me acrescentar? um momento passageiro de alivio, um sorriso de lado meio timido... e depois? quando eu me deitar no travesseiro, quem vai puxar meu saco ou sentir dó de mim? Cá pra nós, Antes só que mal acompanhado. Eu enjôei daquelas pessoas medíocres, sabe aqueles do tipo: saí com fulano, comi e bebi até vomitar, fui para aquela boate chiquérrima, comprei uma calça jeans na loja mais cara (...) ah! escolhendo os namorados pelo tipo de carro! puts! ganhar vantagem? querer aparecer? o que isso se chama mesmo? [...] O que me mata é visitar o orkut das pessoas, e ver depoimentos do tipo: te conheci a pouco tempo mas já te amo.. ou até mesmo: confio em você de olhos fexados, apesar do pouco tempo.. Fala a verdade, você contaria algo que te envergonhasse a alguém que conheceu há 'pouco tempo' ? e o amor? o amor se rebaixou de tal forma que hoje em dia se conhece em uma noite e na outra já é o homem da sua vida! Tá certo que eu não tenho nada a ver com isso, mas os meus valores ficam de queixos caídos nessas horas, e é de forma involuntária, eu juro. Errado você que acha eu só tô cansada de ficar correndo atrás de um amor não-correspondido, de uma amiga que ficou com o carinha que eu gostava. Nada disso, carinhas aparecem em todas as esquinas e amigos então? falsos ou verdadeiros, todo dia surgem novos. Mas eu me cansei DISSO. Cansei de todas as pessoas falsas e ainda faço esforço para acreditar nas que se dizem verdadeiras. Porque hoje em dia, no mundo que estamos, a pessoa que coloca o pé para você cair, é a mesma que dá a mão para te levantar logo em seguida. Ou virse e versa, como acontece na maioria das vezes. Isso me enoja. Eu não quero mais me humilhar pedindo atenção, nem quero obrigar as pessoas a gostarem de mim... Eu vou continuar me sentindo sozinha no meio de várias pessoas. Pessoas com algum tipo de interesse, com pena, e me chamando de coitadinha pelas costas. Silêncio. Nada mais que o silêncio. Ele é capaz de aliviar qualquer dor. E eu? eu já tenho uma coleção de textinhos de incentivo, ditos sempre e pelas mesmas pessoas para mostrar um pouco de interesse nos meus problemas chatos e que não acabam nunca. Daquelas do tipo: É assim mesmo, eu já passei por isso. Vai passar. Então eu viro novamente e me pergunto: Será que essa história de que 'vai passar' é realmente verdade?

Caio Fernando Abreu

2 comentários:

  1. A que livro pertence esse conto?

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  2. Então, é legal é bom de ler e tal, mas não é do Caio.. Já é meio obvio pq enfim, ele morreu antes do orkut, maas ok. A frase do começo "tão estranho.." é dele, mas é de uma carta de ele escreveu aos pais e não desse conto. Concerte isso pra não passar a imagem errada. Gostei do blog

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