sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sentir

Já os sentimentos têm história, envolvem tanto nossas memórias quanto nossas intenções. Um beijo, por exemplo, pode produzir uma sensação passageira ou se transformar em carícia. Nessa hora, vêm à tona todos os nossos desejos, nossos medos e nossas lembranças. Aí precisamos de tempo para registrarmos o que sentimos, para digerirmos, para sabermos o que aquele beijo significou. A verdade é que, quanto mais sentimos a nós mesmos, mais poderemos entrar na vida do outro. Entretanto, nada garante que ao decidirmos sentir, sentiremos o melhor. Apenas sentiremos mais. Mais desejo, mais esperança, mais medo, mais prazer... Descobrimos que nossos sentimentos descongelaram e começaram a fluir quando, um dia, começamos a sentir: vinte minutos de alegria, trinta de raiva, quarenta de indiferença, quinze de verdadeiro desespero; mas não só isso, talvez também duas horas de paz e amor. Nessa altura dizemos: "Eu me sinto, sinto você, sinto a nós" . Sinto que amo. Ficamos, assim, capazes de nos voltarmos para o outro para conseguirmos sustentação e apoio. Aí vem a noção de juntar, unir, confiar, arriscar, começar.
Maria Helena Matarazzo

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