quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

POR QUE OS AMORES SE PERDEM


O mais difícil de entender quando
os amores acabam são os porquês.
Por que duas pessoas que se encontraram
e se encantaram, viveram um amor que parecia
indestrutível, se separam?
Por que o amor geralmente acaba
de um lado só e é o outro que fica chorando
e querendo entender as razões?
Amores deveriam ser eternos, mas nem sempre são.
Costumo comparar casais a chave e fechadura.
Nem toda chave abre todas as portas e
é necessário encontrar aquela exata que
vai se encaixar perfeitamente
e tudo será possível.
Mas a gente acredita que cada vez que alguém
toca nosso coração e entra, que é definitivo.
Um casal que se apaixona de início,
sem que um tenha tido o tempo de desnudar o
outro nas suas verdades, acredita nessa chama
e até briga por ela muitas vezes.
E cria-se sonhos, planeja-se o futuro...
enquanto isso os dias vão passando,
toma-se menos cuidado em manter a magia e
a parte dos dois que é mais sonhadora
começa a sentir-se incomodada.
Dá medo.
Medo de ter que olhar bem nos olhos
da realidade e dizer: acabou!
Medo de ter que se confessar a si próprio
que ainda não foi aquela vez!
Medo da solidão, de ter que recomeçar...
Não são as decepções que matam o amor.
Se assim fosse, não existiriam
perdões e reconciliações.
O que mata o amor é simplesmente a tomada de
consciência de que o outro não é o ser sonhado.
É como acordar depois de um longo
sono e lindos sonhos.
O outro está ali, é a mesma pessoa,
mas aquela neblina que dava a impressão
de irrealidade já não mais existe.
E isso não acontece da noite para
o dia, como se costuma pensar.
É algo que vem com os dias,
os hábitos, as monotonias.
Um percebe, o outro não.
Um começa a se sentir angustiado e o outro
continua acreditando ou finge que acredita.
E quando a gota que faz transbordar o vaso
chega é o mundo todo que desmorona.
Porém, tudo não fica definitivamente perdido.
Sobra de um lado a dor e os porquês,
um resto de amor que teima em ficar
no fundo como o vinho envelhecido na garrafa
e do outro o coração dividido por não poder
reparar erros cometidos e a vontade
de continuar em busca de outros horizontes.
Sobra para os dois a ternura e a lembrança
dos momentos passados juntos.
Por que corta-se relacionamentos,
mas não se apaga momentos,
mesmo que a gente queira.
Vivido é vivido, feliz ou infelizmente.
Inútil é querer resgatar um amor
que resolveu partir pra outras direções.
Quanto mais apega-se, mais ele se afasta.
E quanto mais se afasta,
mais dói no outro a incompreensão.
É uma roda da qual é difícil de sair.
E é uma pena, pois os corações não merecem isso.
Quando a questão é amor, não existe justo ou injusto.
Existe o que ama e o que não ama mais.
Precisamos aceitar que o outro não tenha
os mesmos sentimentos, mesmo se isso nos faz mal,
por que se o amor não for livre para se instalar
onde realmente deseja, ele perde toda a razão de ser.
© Letícia Thompson

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