sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Era uma vez

Era uma vez chamado Vale dos Sentimentos. Lá moravam todos os sentimentos do mundo, cada qual com seu nome: alegria, riqueza, sabedoria, determinação.

Apesar de serem tão diferentes, se davam muito bem. Até os sentimentos como orgulho, tristeza e vaidade não tinham problemas entre si. Mas era lá no fundo do vale, na última das casinhas que morava o mais bonito de todos os sentimentos. O AMOR. Ele era tão bom que quando os outros sentimentos chegavam perto dele ficavam mudados porque eles sabiam que dentre eles, o amor era o melhor. Porém no mesmo vale, num lugar mais afastado havia um castelo. E lá também morava um sentimento, só que não tinha nadinha de bom... Era a raiva. E a raiva, de tão ruim que era, não gostava dos moradores do vale. Por isso, quando acordava de mau humor fazia de tudo para estragar a beleza do lugar.

Certo dia, a raiva teve uma boa idéia. Foi até o calabouço e preparou a poção mais esquisita e estraga-prazeres de que se teve notícias. A fumaça da poção tomou conta do lugar, e o vale e se transformou numa tempestade como nunca se tinha visto antes.

Quando o vale se encheu de raios, chuvas e ventos, todos correram para se proteger. O egoísmo foi o primeiro a se esconder, deixando todos para trás. A alegria deu risada de alívio por ter se salvado rapidinho. A riqueza recolheu tudo que era seu, antes de se abrigar. A tristeza, a sabedoria, a vaidade, todos conseguiram chegar as suas casas a tempo. Todos, menos o amor. Ele estava tão preocupado em ajudar aos outros que acabou ficando pra trás.

Então uma coisa aconteceu. Um raio bem forte caiu sobre o vale atingindo o amor. A raiva deu sua tarefa por cumprida e foi dormir. Quando a tempestade passou, os sentimentos puderam abrir as janelas aliviados. Mas ao saírem eles sentiram uma coisa diferente no ar, o que nunca tinham sentido antes. Foi então que eles viram...
- O que aconteceu com o amor?
- Ele não se mexe...
- Tá tão parado que parece que... Morreu.

Nisso a tristeza começou a chorar. O orgulho não aceitava. Disse que era mentira. A riqueza disse que era um desperdício. E a alegria pela primeira vez, não sorriu.

Foi aí que uma coisa estranha começou a acontecer. Os sentimentos começaram a ter desavenças, porque sem o amor para uní-los, as diferenças apareceram. A situação já estava bem ruim quando eles repararam que estavam sendo observados. Alguém que eles nunca tinham visto ali antes. Então, o estranho se ajoelhou na frente do amor, tocou-o calmamente e ele abriu os olhos.
- Ele não morreu. O amor não morreu. Gritaram todos. Foi aí que todos puderam ver o rosto do estranho que se chamava tempo.

E todos comemoraram porque o amor estava vivo e sempre vai estar, porque não ha nada que acabe com o amor tendo o tempo ao seu lado para ajuda-lo. E sabe o que aconteceu com o amor e o tempo? Eles se uniram e tiveram três filhos: experiência, perdão e compreensão, que moram até hoje no vale dos sentimentos, lá no fundinho do coração.

Desconhecido

Nenhum comentário:

Postar um comentário