quarta-feira, 13 de maio de 2009


A tristeza que corrói as tuas frases, com o gotejar da vida que não tivemos, com o tempo que não temos nem teremos, com o ruído de papéis no fundo de armários e de esconderijos, com as palavras que doem como pedras e espinhos, com o vento correndo pelos campos da memória, como a mulher que te olhou como se não te visse, e o homem que desviou os olhos porque nem o sol nem o amor se podem olhar de frente, essa tristeza cai-me na alma, rouba-me o riso dos teus lábios, prende-me à tua dor tão distante como o horizonte. Mas preciso de te ouvir, mesmo com a tristeza das tuas frases, com o eco de insónias e solidões, com o desejo que cai por entre silêncios e murmúrios, para que a tua voz fique por dentro de mim, me embeba com a tristeza, e me dê o tempo das frases que a noite corrói.”(Nuno Júdice, Cartografia de Emoções)

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